Em entrevista a nove emissoras de rádio nesta sexta-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que será candidato à reeleição no ano que vem. Ao responder à pergunta sobre a demora para tomar esta decisão, o presidente afirmou que não tem pressa em relação às eleições de 2006, mas que seus adversários estão nervosos.
“São com essas armas que, se eu tiver que ser candidato, eu vou para a eleição. Gosto do debate, adoro um debate, gosto de polêmica. É bonito. O povo vai se politizando. O povo vai ensinando a gente. É assim que penso. E vou, sim, disputar as eleições”, disse Lula, depois de citar programas do governo, como o Bolsa-Família e o Biodiesel.
Ainda sobre a disputa eleitoral, o presidente afirmou: “Tenho dito que não tenho pressa. Meus adversários que têm pressa. Têm demonstrado um certo nervosismo por 2006. Eu não estou porque acho que o povo brasileiro já foi generoso comigo.”
Depois das declarações, Lula recuou e disse ter cometido ato falho ao afirmar que disputará reeleição. “Foi um ato… A minha convicção é que eu disse ‘se for para a disputa’. Foi sem querer, porque não decidi se sou candidato. Não tenho nenhum interesse em decidir isso agora”, afirmou Lula, ao responder à pergunta do deputado federal Sandes Júnior (PP-GO), da rádio Terra de Goiânia.
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Mesmo assim, o presidente disse que, se for candidato, terá resultados em 2006 melhores que os de 2002, último do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Sobre Palocci
Lula também afirmou, na entrevista, que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, continuará no cargo. Foi a primeira vez que o presidente confirmou Palocci no cargo, desde o aumento de denúncias de corrupção contra o ministro da Fazenda e das divergências em relação com a política monetária com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
“Palocci é e continuará sendo meu ministro da Fazenda”, disse Lula. Para o presidente, os atritos entre Palocci e Dilma “são saudáveis e fazem parte da democracia”. “Eu não me preocupo com a divergência, acho que ela é salutar. É saudável que as pessoas expressem o seu pensamento até que esse comportamento não prejudique a totalidade e o conjunto do governo”, afirmou.
O presidente disse que os dois ministros são extremamente importantes para o governo e que não está do lado de nenhum dos dois, mas sim “do lado do povo brasileiro”. “Na medida em que os ministros tenham divergência, como é que nós dirimimos essa divergência?”, questionou Lula. “Nós convocamos uma reunião com os ministros que estão divergindo e resolvemos o problema, porque aí nós transformamos a divergência numa política pública do governo e todos passarão a defender aquela política pública”, sustentou.
Mensalão é impossível
O presidente reforçou que não houve pagamento de mesadas pelo PT para que parlamentares votassem com o governo. Lula disse que a CPI do Mensalão passou quatro meses investigando para concluir que esse tipo de propina nunca existiu no Congresso.
“É humanamente impossível imaginar que qualquer governo, e sobretudo no meu governo, você tenha que chamar um deputado para dizer: ‘olha, você tem que votar porque eu te dou tanto’”, afirmou o presidente. Em seguida, ele criticou a forma como a atual crise, cujo estopim foi o mensalão, ganhou corpo apesar de as acusações não terem sido comprovadas.
“Eu acredito piamente que nós estamos vivendo um momento em que as insinuações, às vezes, não têm respaldo, mas no dia seguinte vão ganhando corpo, e vão ganhando corpo, e vão ganhando corpo. Vão chegar à conclusão de que não teve mensalão, mas, na cabeça do povo brasileiro, já existe a idéia do mensalão”, disse o presidente.
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