Para o vice-líder do Psol na Câmara, deputado Tarcísio Motta (RJ), a fala de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) sobre ter uma relação boa com Marielle Franco segue uma “lógica de covardia” típica de milicianos. De acordo com o deputado, ao mesmo tempo em que fingia ter uma relação tranquila com a vereadora, Brazão a investigava.
“É mais uma dissimulação e cinismo de uma pessoa que está presa por assassinato”, disse Tarcísio Mota em entrevista ao Congresso em Foco. “Ele tá tentando usar de coisas que ele fazia deliberadamente enquanto mandava o Ronnie Lessa investigar os nossos nomes, os nomes de membros do Psol. E isso tá lá no processo”.
Na terça-feira (26), Chiquinho disse ter um “ótimo relacionamento” com Marielle durante o período em que eles foram colegas na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Deu a declaração por vídeo durante sua defesa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que discutia se manteria ou não sua prisão. O tema só deve retornar para o debate no Congresso na segunda semana de abril.
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“Eu, como vereador, com uma relação muito boa com a vereadora, a gente tinha um ótimo relacionamento, só tivemos uma vez um debate [sobre o projeto da grilagem]”, disse Chiquinho. “Um debate no qual eu debatia com a vereadora uma coisa simples. Não vejo esse elo gerando o que gerou para o mundo todo, pelo Brasil, pela simples discordância de pontos de vista”.
As prisões dos irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão e do delegado Rivaldo Barbosa, suspeitos de terem mandado matar a vereadora carioca Marielle Franco (Psol) em 2018, foram realizadas pela Polícia Federal no domingo (24).
Ronnie Lessa está preso como um dos executores do assassinato. O ex-policial militar fez uma delação premiada que levou à prisão do deputado Chiquinho Brazão como um dos mandantes do crime, segundo as investigações da Polícia Federal.
PublicidadeO deputado Tarcísio Motta era amigo de Marielle. Segundo ele, aqueles que eram próximos da vereadora ficaram indignados com a fala de Chiquinho Brazão durante a CCJ.
“Aquele depoimento dele, inclusive tentando mais uma vez dizer que o problema é apenas um projeto de lei quando o relatório fala em todo uma lógica de perseguição ao Psol e militantes que enfrentavam eles é uma tentativa de atingir a verdade”, disse Tarcísio Motta. “É desviar o foco para fazer as pessoas não perceberem os atos deliberados de intimidação, amedrontamento e até de assassinato de uma mulher negra, favelada e lésbica para tentar calar a voz de todos nós”.
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