Guillermo Rivera
Hepatite significa, literalmente, inflamação do fígado. No entanto, há grandes diferenças entre os tipos de hepatite. Algumas são causadas por bactérias, outras, por fatores tóxicos (álcool, drogas e outros). As mais comuns, porém, são as hepatites virais, ou seja, transmitidas por vírus. Elas são classificadas em hepatite A, B, C, D e E. O tipo D ocorre quase sempre junto com o B, e o E está ligado, com freqüência, ao tipo C.
A hepatite A é a mais comum. É nela que geralmente se pensa quando se fala em hepatite. Tem transmissão por via oral-fecal. Em geral, os sintomas são febre baixa, fadiga, mal-estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e vômitos. Após alguns dias, pode surgir icterícia (olhos amarelados). Existe vacina para a hepatite A.
A hepatite B é transmitida por contato sexual ou por via parenteral (seringas não-estéreis compartilhadas, instrumentos dentários contaminados, perfurações (piercing), manicure, acupuntura, tatuagem). Raramente a transmissão acontece através de transfusões sangüíneas, pois os exames dos bancos de sangue detectam o vírus da hepatite B. A transmissão materno-infantil é também possível de acontecer. Embora grave, há cura e vacina para a doença.
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A hepatite C é causada por um vírus transmitido por sangue contaminado. Em circunstâncias raras, ocorre a transmissão por via sexual e a transmissão vertical (da mãe gestante para o filho). Na maioria das vezes, a doença é silenciosa e assintomática e pode ser detectada apenas por exames laboratoriais. Em outros casos, as manifestações da infecção hepática se assemelham aos de uma gripe, como fraqueza e mal-estar. Algumas vezes, o doente pode apresentar olhos e pele amarelados e urina escura.
Os cientistas descobriram o vírus da hepatite C em 1989 e, no início da década de 90, surgiram testes sorológicos que identificam a presença da infecção. "Desde então, interrompeu-se a contaminação em transfusões de sangue e transplantes", lembra a coordenadora do Programa Nacional de Hepatites Virais, Gerusa Figueiredo. Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, o que está aumentando, portanto, é o número de detecção de casos. "A imprensa e o ministério têm divulgado melhor o que é a doença. A partir disso, as pessoas avaliam se foram expostas às formas de contaminação e procuram as unidades de saúde para fazer o diagnóstico", observa Gerusa.
PublicidadeTratamento gratuito
O Ministério da Saúde oferece tratamento gratuito aos portadores do vírus da hepatite C por meio da distribuição de medicamentos de alto custo e do atendimento ambulatorial e hospitalar. Para ter direito ao tratamento, a pessoa deve receber o diagnóstico da doença. São 250 centros de testagem e aconselhamento (CTAs), treinados para oferecer exame. Quando se identifica um portador, ele é encaminhado aos serviços de maior complexidade para aprofundar a investigação clínico laboratorial e receber tratamento, caso necessário. As autoridades de saúde recomendam às pessoas que se submeteram a transfusão ou a transplante, antes de 1993, que procurem uma unidade de saúde para obter o diagnóstico.
O tratamento para hepatite C é feito por meio da substância imunobiológica Interferom (antiviral produzido pelo organismo humano e que combate o vírus causador da doença) e de um medicamento (ribavirina). "A cada 100 pacientes infectados, 80% não eliminam o vírus. Desse total, em média 25% precisarão de tratamento. Dos que recebem tratamento, de 50% a 80% alcançam a cura", informa Gerusa Figueiredo. O sucesso do tratamento varia de acordo com alguns fatores, como o genótipo do vírus, e o estágio da doença. No início do tratamento as pessoas podem ter efeitos colaterais, como dores no corpo, náuseas, febre e até depressão. É preciso que o paciente tenha sempre um acompanhamento médico e faça periodicamente avaliações clínicas. Caso esse tratamento não seja eficaz, o transplante de fígado pode ainda ser uma opção.
Diagnóstico tardio
A hepatite C merece atenção especial dos serviços de saúde e da população porque pode evoluir para a forma crônica. A maioria dos portadores só percebe que está doente anos após a infecção, quando esse processo já ocorreu. Se o vírus não for eliminado pelo sistema de defesa do organismo – o que acontece, em alguns casos – há grandes chances de, em 20 ou 30 anos, a doença se transformar em cirrose ou câncer no fígado. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas que se submeteram à transfusão de sangue ou transplantes antes de 1993 procurem um serviço de saúde para fazer exame de sangue. Se o diagnóstico for positivo, o paciente será encaminhado para uma unidade de média complexidade para a realização de exames mais especializados e para a biópsia hepática. A partir daí, o portador terá direito ao tratamento oferecido gratuitamente pelo SUS. (Com informações do Ministério da Saúde)
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