Em entrevista à revista Istoé que chega às bancas neste fim de semana, o prefeito do Rio, César Maia (PFL), critica a coordenação política da campanha de Geraldo Alckmin e diz que o tucano se acomodou após vencer a disputa interna com o ex-prefeito José Serra. “Para ser escolhido, Alckmin realizou um esforço pessoal, saindo do seu natural para derrotar o Serra na pré-campanha. Quando esse processo se completou, porém, foi como se ele tivesse vencido a campanha. Naquele momento, ele descansou, como um corredor que cumpriu uma maratona.”
Apesar da crítica, César garante que ainda confia na vitória de Alckmin e aponta a invasão da Câmara pelo Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) como fato que pode reverter o rumo da eleição em favor da chapa PSDB-PFL. “Alckmin tem que aproveitar o caso do MLST. Usar o líder Bruno Maranhão, que é da direção nacional do PT, para colar no presidente e mostrar que esse é o Lula de amanhã”, defende o pefelista. “Tem que dizer: ‘Não vote nele. Você está sendo iludido. O PT do próximo governo vai desmontar esse país.’ Na verdade, Lula é um Chávez oculto”, completa.
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Na entrevista ao repórter Francisco Alves Filho, o prefeito do Rio também critica o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), com quem bateu boca recentemente, diz temer um eventual segundo mandato de Lula e compara o presidente brasileiro ao líder venezuelano Hugo Chávez.
César Maia também condena o conselho político criado para alavancar a candidatura de Alckmin e diz que a campanha do PSDB não tem lógica. “Depois da primeira reunião do conselho político da campanha, não houve nem convocação para uma segunda reunião. Era um conselho para tirar fotografia?”
Veja os principais tópicos da entrevista à Istoé:
Acomodação de Alckmin
Para ser escolhido, Alckmin realizou um esforço pessoal, saindo do seu natural para derrotar o Serra na pré-campanha. Quando esse processo se completou, porém, foi como se ele tivesse vencido a campanha. Naquele momento, ele descansou, como um corredor que cumpriu uma maratona.
Conselho político para tirar fotografia
O PFL é parceiro, dá opinião quando é acionado. A campanha é comandada pelo candidato ou pelo núcleo do candidato. Depois da primeira reunião do conselho político da campanha, não houve nem convocação para uma segunda reunião. Era um conselho para tirar fotografia? Ao terminar a reunião, deveria haver distribuição de tarefas: um vai fazer levantamento no Nordeste, outro vai tratar com o governador (Germano) Rigotto (do Rio Grande do Sul), e assim por diante. Pois acabou a reunião e ninguém teve tarefas. As pessoas voltaram para casa e continuaram suas vidas. Nem uma encenação política, uma espécie de “teatro”, que é fundamental, nem o que se chama de “carinho” está sendo feito.
“Campanha do PSDB não tem lógica”
Se ele tivesse um projeto de campanha pronto, não teria tempo para fazer brincadeiras. Estou falando de Tasso Jereissati. Eles teriam que contundentemente enquadrar e disciplinar quem estava atingindo a lógica da campanha. Como não tem lógica de campanha, eles partem para outro terreno. Esse talvez seja o maior problema: a campanha do PSDB não tem lógica. Aquele bate-boca foi fruto da escolha de José Jorge para vice de Alckmin. Tasso se envolveu como não poderia ter se envolvido na campanha do nosso líder, Agripino Maia, que inclusive é meu primo. Ele se envolveu com a certeza da vitória, perdeu e não se conformou. Atribuiu a derrota à liderança da Câmara dos Deputados (o líder do PFL é o deputado Rodrigo Maia, filho do prefeito).
Decolagem de Alckmin
Ela tinha tudo para dar errado, parecia que tinha um comando para dar errado, mas aí vieram esses dois casos recentes: a invasão do Congresso pelo MLST e a discussão do TSE sobre a verticalização, que eu apelidei de TSEnami. Esses episódios produziram um impacto que estanca o processo de formação de opinião. Certamente produziram uma interrupção nesse processo de crescimento do Lula, pelo fato de o presidente estar dentro do MLST.
Invasão do MLST e as eleições
Alckmin tem que aproveitar o caso do MLST. Usar o líder Bruno Maranhão, que é da direção nacional do PT, para colar no presidente e mostrar que esse é o Lula de amanhã. Tem que dizer: “Não vote nele. Você está sendo iludido. O PT do próximo governo vai desmontar esse país.” Na verdade, Lula é um Chávez oculto. (…) O (Antonio) Lavareda (sociólogo especialista em campanhas eleitorais) fez uma pesquisa telefônica recente em São Paulo. Tem um viés de classe média, você precisa corrigir um pouco, mas essa pesquisa deu 40 a 29 para o Alckmin. A pesquisa detectou um fato novo, que deve ser percebido pela equipe de campanha do PSDB na sua verdadeira dimensão: o candidato tem agora uma chance de iniciar a campanha para valer e não terá uma segunda oportunidade. Até então, vínhamos num processo que era em direção à vitória do Lula.
O segundo governo Lula
A probabilidade de vitória para quem faz uma campanha de reeleição é muito grande. Tem a máquina, tem a tendência da população de não querer mudanças. O eleitor diz: “Se as coisas vão mais ou menos, deixa como está.” Para que o eleitor não vote pela reeleição, seria necessário que estivéssemos vivendo um desastre – o que não é o caso – ou que se detecte um desastre pela frente – o que é o caso. Quando se diz que o segundo governo Lula será um desastre, basta reunir os elementos comprobatórios.
Medo
Eu temo pelo País, pelos setores assalariados, pelos mais pobres, que já são objeto de manipulação hoje. Imagine o presidente da República, na parte da tarde, parar o trabalho para fazer uma videoconferência com os jogadores da Seleção, para os meios de comunicação saírem fotografando. Ele tinha que fazer isso às três horas da manhã, no café da manhã dos jogadores.
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