Expedito Filho, de Nova York |
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva completa um ano e seis meses de existência em meio a uma frustração que tem provocado certa desilusão. Em campanha, o presidente Lula garantiu que tinha um modelo alternativo ao projeto neoliberal dos tucanos e que essa fórmula redentora seria adotada em seu governo. Com base nessa premissa, Lula prometeu criar 10 milhões de empregos em quatro anos e ainda conceder aumentos ao funcionalismo público. Anunciou que acabaria com a fome e a miséria e disse saber como solucionar os problemas de saúde e educação. Prometeu mais: a esperança em dias melhores. Passado um ano e meio, a avaliação do governo Lula indica que o presidente, ao fazer tantas promessas, estava seduzido e turbinado por um certo neopopulismo. Para a democracia brasileira, a eleição de alguém com aspirações tão legítimas como a de Lula foi um teste fundamental, pelo qual o país passou com louvor. Sucesso institucional, Lula teria pela frente o desafio de colocar o Brasil em um novo rumo. Ele tem ainda dois anos e meio para fazer valer o prometido, mas seu governo certamente entrará para a história como sendo o da reinvenção do populismo. Publicidade
Em seu primeiro ano, Lula esqueceu as promessas de campanha e trabalhou apenas com símbolos de sua própria história. Chorou e se posicionou sempre como um dos esquecidos que chegou lá, vencendo a miséria e a desigualdade. Sempre como um símbolo. Mais que o ano de uma construção de bases para um governo, o ano passado foi o período em que o neopopulismo petista concebeu o lulismo como seu principal produto, um símbolo mais importante até que a estrela vermelha da bandeira petista. Publicidade
Esperava-se mais ação e menos populismo nesse segundo ano. Na economia, manteve o mesmo modelo do governo FHC. Como resultado, o país continuou dentro da mesma armadilha que só se abre por fora, via financiamento externo. Agora, um ano e meio depois, a criação de 10 milhões de empregos caiu no esquecimento, como acontece com toda promessa vazia. Passado um ano e meio, a diferença entre o que se prometeu e a realidade é mesmo abissal. Basta lembrar a inoperância do programa Fome Zero no combate à desigualdade social. Na educação, o governo segue o modelo herdado da administração anterior e, na saúde, o desempenho do atual ministro é medíocre. PublicidadeA frustração com os prometidos aumentos acabou em greve do funcionalismo público. O governo não encontrou uma saída concreta para os problemas de infraestrutura e o anunciado “espetáculo do crescimento” virou apenas mais um slogan do neopopulismo, sem vínculo algum com políticas desenvolvimentistas. No capítulo combate à corrupcao, o “lulismo” está devendo transparência no caso Waldomiro Diniz e ficou na tática de tentar desqualificar quem, por delegação constitucional, o investiga. O Brasil continua com os mesmos problemas e não se encontra no neopopulismo petista, até aqui, soluções eficientes. Lula ainda tem dois anos e meio de governo pela frente e pretende disputar a reeleição. Com base no neopopulismo, Lula pode até reeleger-se. Mas, como aconteceu com a Argentina depois do peronismo, o Brasil sairá perdendo. O provável, contudo, é que Lula tenha dificuldade em reeleger-se. E o motivo é simples: o neopopulismo petista está transformando a esperança que venceu o medo em esperança que pode perder para a frustração.
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