Expedito Filho, de Nova York |
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Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fosse americano, dificilmente chegaria à presidência da República. Assim como o inexpressivo Ralph Nader, talvez Lula conseguisse emplacar a chamada candidatura independente, mas aqui ele nunca seria eleito presidente. É que a democracia americana do ponto de vista político e eleitoral fica devendo. Os Estados Unidos, que sempre foram apresentados como donos de uma democracia modelo, elegem o presidente por um colégio eleitoral que funciona, na prática, como filtro do voto popular. Aqui quem tem mais votos nem sempre é o presidente. Além disso, dificilmente um ex-metalúrgico seria presidente. O sistema é arcaico e precisa de mudanças. O New York Times publicou um editorial sugerindo uma reforma eleitoral, e a revista The Economist mostrou o quanto esse modelo é atrasado. Como se sabe, o Colégio Eleitoral é composto por 538 membros. Nele, cada estado tem direito a um determinado número de delegados, correspondente a seu tamanho. Publicidade
Assim, Nova York tem 33 delegados, enquanto o estado de Vermont, apenas três. O candidato que vencer no voto popular leva todos os votos do Colégio Eleitoral do estado onde ele for o vencedor. Publicidade
Mas, em três vezes na história da eleição americana, o voto popular apontou uma direção contrária ao que queria o Colégio Eleitoral. Nesses três casos, prevaleceu o resultado do voto indireto. A última delas se deu com a eleição de Bush em 2000. No voto popular, o desempenho de George W. Bush (47,87 % dos 106 milhões de votos) foi inferior ao do candidato democrata, o então vice-presidente Al Gore, que obteve 48,38% desse bolo. Bush, numa eleição duvidosa, ganhou na Flórida por uma diferença de 537 votos e abocanhou todos os 25 delegados, o que serviu para assegurar a maioria no Colégio Eleitoral. PublicidadeExiste aqui, faltando poucos dias para a eleição do próximo dia 2 de novembro, o medo de que a confusão da eleição passada se repita. Para os americanos, o pior cenário eleitoral aconteceria se a Suprema Corte fosse mais uma vez obrigada a decidir a eleição. A possibilidade de se ter um vencedor no voto popular e outro no voto indireto é grande. Segundo alguns institutos de pesquisa, John Kerry vence no voto popular com 49,4% dos votos contra 48,6% de Bush. Mas, no Colégio Eleitoral, Bush seria o vencedor com 275 votos contra 263 de Kerry. Nesse cenário, a Flórida teria de novo um papel decisivo. Se um dos candidatos vencer no voto direto e na escolha indireta, não haverá grandes questionamentos sobre o sistema. Mas, se as escolhas do Colégio Eleitoral e do voto popular não coincidirem, a confusão servirá para demonstrar o quanto é arcaico e pouco democrático o sistema eleitoral americano. |
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