Expedito Filho, de Nova York |
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Estamos vivendo a verdadeira agenda deste século 21. Ela começou com o atentado terrorista às torres gêmeas, passou pela derrubada do regime lunático dos talibãs com apoio da comunidade internacional e esbarrou na invasão e ocupação do Iraque, feita pelos Estados Unidos e a Inglaterra sob o falso pretexto de que Sadam Hussein estava escondendo armas nucleares e biológicas. Com o dilúvio trágico do último Natal, a questão climática entrou em pauta. Suas previsões são devastadoras. Maremotos em alguma regiões, enchentes em outras e secas em outras tantas estarão entre as conseqüências do aquecimento global. Que fique bem claro que a tsunami que arrasou a Ásia e atingiu parte da África, matando mais de 23 mil pessoas, ainda não tem relação com o aquecimento global. Foi um acidente sísmico e não conseqüência do efeito estufa. A dimensão da tragédia serviu, contudo, para reforçar os argumentos de ambientalistas. Um maremoto provocado pelo degelo das calotas polares pode produzir catástrofes semelhantes. O risco de seca pode provocar guerras e invasões. As enchentes trariam de volta velhas epidemias. Publicidade
Cientistas de todo o mundo vêm discutindo o clima com seriedade. Os países sabem que, junto com o combate ao terrorismo, esse é o debate do século. Mas desde a Eco 92, realizada no Rio de Janeiro, as medidas tomadas foram tímidas. É verdade que o Brasil e a China avançaram e chegaram a apresentar, na Comissão das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada na semana passada em Buenos Aires, relatórios inéditos sobre a emissão de gases ocorrida nos dois países. Foi um avanço e tanto, embora o Brasil ainda tenha ficado no vermelho. No horizonte das dificuldades estão o desmatamento da floresta amazônica e as sucessivas queimadas, que produziram um aumento do gás carbônico e do gás metano na atmosfera. Publicidade
Mas, nessa questão, o Brasil está longe de ser o vilão. A administração de George W. Bush, com seu unilateralismo, recusa-se a assinar o protocolo de Kioto. E aí a coisa complica. Sem os Estados Unidos, a maior potência capitalista, o protocolo de Kioto acaba tendo seu raio de ação limitado. Para conter a destruição do meio ambiente é preciso uma grande mobilização política. Os países emergentes podem ter um papel relevante nessa articulação e ainda podem se beneficiar com o desenvolvimento de uma tecnologia que permita o uso de uma matriz energética mais limpa. PublicidadeAinda que efeito de um abalo sísmico, o dilúvio da Ásia serviu ao menos para mostrar o quanto as tragédias ambientais podem ser devastadoras se não forem evitadas a tempo. Um terremoto não se pode evitar, mas a destruição da qualidade de vida do planeta, com suas nefastas conseqüências, ainda pode ser contida |
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