Expedito Filho, de Nova York |
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A disputa entre George W. Bush, candidato à reeleição pelo Partido Republicano, e Jonh Kerry, candidato do Partido Democrata , pode ficar conhecida como a eleição do alerta laranja. É verdade que a ameaça terrorista aqui nos Estados Unidos é real. Mas desde o atentado ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, o eixo dos atos terroristas deslocou-se para fora do país. O terror agiu no Iraque, Turquia, Arábia Saudita e na Espanha, onde conseguiu influenciar o resultado da eleição. Essa semana, baseado em supostos planos da Al-Quaeda elaborados há três ou quatro anos, o governo de George W. Bush aumentou o nível de alerta em Nova York, Newark e Washington de amarelo para laranja. O argumento para tanta precaução é o de que a organização de Osama bin Laden planeja seus atos terroristas com muita antecedência. O problema está na coincidência: o anuncio da possibilidade de um novo ataque acontece no período em que Jonh Kerry, depois de oficialmente escolhido pela Convenção dos Democratas, vivia sua curva de alta. Algumas pesquisas chegaram a apontar uma diferença favorável a Kerry de até sete pontos percentuais. Para muitos analistas, essa diferença poderia ser ainda maior, caso nada de extraordinário ou sobrenatural acontecesse e Kerry continuasse repercutindo na mídia. Publicidade
O resultado é que a divulgação da necessidade de se aumentar o estado de alerta , baseado em plano de três ou quatro anos atrás, mudou a agenda do país e de sua eleição presidencial. Bush, que estava atrás, foi para ofensiva e já saiu adotando as medidas apontadas pela Comissão do Congresso criada para estudar as falhas no sistema de segurança e inteligência no combate ao terrorismo. Publicidade
Os democratas, por sua vez, adotaram duas posturas: Kerry manteve a campanha no mesmo tom, mas sem o mesmo impacto. Outros – como o ex-governador de Vermont, Howard Dean, e alguns senadores – começaram a denunciar o uso político do alerta laranja como forma de estimular o medo. É que todas as pesquisas eleitorais, até mesmo as dos Democratas, confirmam que, em situação de medo ou paura, os americanos tendem a votar em Bush contra qualquer candidato. Na verdade, quanto maior o alerta, mais conservador ficaria o eleitorado. PublicidadeO uso do medo como arma psicológica é de assustar. Por trabalhar com o imaginário, esse tipo de manipulação, se não for revelado a tempo, transformará a histeria coletiva no maior cabo eleitoral da corrida sucessória. As conseqüências podem ser nefastas. O resultado da eleição poderá ser tão polêmico como o da anterior, onde até hoje há duvidas sobre a contagem de votos na Flórida. |
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