Guillermo Rivera
Desconfortáveis com a percepção popular sobre a atuação da Câmara e dos políticos em geral, deputados ouvidos pelo Congresso em Foco são unânimes ao avaliar que o resgate da credibilidade da instituição deve ir além da cassação dos envolvidos nos escândalos. Mas divergem sobre os caminhos a serem trilhados pela Casa para reconquistar a confiança do eleitor.
A crise precipitou a criação de um grupo suprapartidário, chamado Pró-Congresso, que conta com mais de 140 deputados e senadores, e tem como objetivo trabalhar para o resgate da imagem do Legislativo. “Este ano inteiro as pessoas têm sido expostas a notícias que mais se assemelham à cobertura das atividades do crime organizado, essa má avaliação (sobre os políticos e os deputados) não me espanta”, comenta a deputada Yeda Crusius (PSDB-RS), uma das coordenadoras do grupo.
O deputado Mauro Passos (PT-SC) engrossa o coro dos descontentes com a atuação do Legislativo. “A cassação (dos envolvidos nos escândalos) não é suficiente. Tem de ter uma nova Câmara, com pautas sintonizadas com o que a sociedade espera. O comportamento cotidiano dos deputados também tem de ser revisto”, defende o petista, ligado à ala esquerda do partido.
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O deputado Jamil Murad (PCdoB-SP) acredita que a imagem negativa do Congresso tem sido acentuada pela imprensa. “Os parlamentares estão sendo submetidos a um bombardeio intenso, com denúncias justas e injustas. É um momento tempestuoso. Temos de parar de ter uma agenda de delegacia, somente com denúncias, depoimentos e punições, e aprovar mais projetos que realmente interessam à população”, critica.
O deputado Feu Rosa (PP-ES) acredita que o Brasil vive uma época fértil para o conflito de poderes. “É muito vantajoso para os outros poderes que o Legislativo não se dê bem e se torne um timorato”. Entre esses “poderes”, Feu cita a imprensa. Para mudar o quadro, avalia, é preciso tempo e disposição de cortar na própria carne. “O Conselho de Ética precisava adiantar um pouco suas ações. Podemos, então, cortar na carne. E, cortando na carne, a população chegará à conclusão de que tem um padrão de seriedade aqui. Este padrão de seriedade vai ser o início de uma reversão”, considera o capixaba.
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