Sônia Mossri |
Ele faz a barba, cabelo e bigode dos homens mais poderosos do país há 24 anos. Aos 62 anos, o pernambucano Osório Patriota comanda 11 funcionários na barbearia do Senado. Pelas tesouras dele já passaram parlamentares que foram ministros, governadores e até presidente da República. Osório é fã do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de quem corta o cabelo, faz a barba e pinta o bigode há 20 anos. Ele tem uma razão a mais para gostar tanto de Sarney: recebe gorjetas gordas do ex-presidente da República. Em uma ocasião, chegou a ganhar R$ 50,00, enquanto o corte de cabelo na barbearia do Senado custa apenas R$ 8,00. Antes mesmo de ser funcionário do Senado, Osório já cortava o cabelo de senadores e deputados. Desde que chegou a Brasília, em 1962, ele adotou uma norma de conduta para não ter problema com os políticos de diferentes partidos: tudo ouve e nada fala. Publicidade
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“Eu trabalho numa casa política. Tem que aceitar. Eu não sou político. A gente escuta e fica aqui dentro. Não tem esse negócio de botar para fora não! Em todos os setores, há os bons e os ruins. Para mim, todos foram bons porque nunca me proibiram de trabalhar”, observou. Apesar de ter aprendido com seus clientes a pensar dez vezes antes de falar, Osório não consegue esconder uma ponta de decepção com o governo Lula. Aliás, para falar a verdade, ele tem saudades mesmo é do governo militar. PublicidadeEle explica que votou no conterrâneo Lula nas eleições de 2002 porque o então presidente Fernando Henrique Cardoso queria mudar as aposentadorias. Decepcionou-se com as alterações que Lula fez na vida dos aposentados, mas ainda dá um voto de confiança ao presidente. “O que a gente vai fazer? Ninguém vai adivinhar. O Lula é um homem pobre. Pensei que, como presidente da República, ele iria fazer alguma coisa para o povo. Agora, é o contrário. Eu acho que pode ser que o governo melhore…”, disse Osório ao Congresso em Foco. Curiosamente, o barbeiro sente saudades do governo militar, quando o Congresso – e os fregueses dele – eram controlados com mão de ferro pelos quartéis. Para ele, naquele tempo não havia tanta “bagunça”. Ele guarda boas lembranças, por exemplo, do presidente João Baptista Figueiredo. “Quando eu entrei aqui, era o governo Figueiredo. Eu não tenho nada a dizer contra o Figueiredo. Quando ele terminou o mandato dele, ele deixou um bom aumento para o funcionalismo. Eu não estou nem lembrando quanto foi, mas sei que foi um grande aumento. No governo dele, não tinha nada dessa confusão que a gente vê hoje aí, na televisão. Nada disso havia”, disparou Osório, no meio de uma onda de nostalgia. |
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