O uso das redes sociais na política já não é novidade. E, diante da influência que se pode exercer na internet, não para de crescer o número de ações turbinadas por partidos e eleitores em defesa ou contra candidatos nas eleições deste ano. A criação de anúncios de festas pela vitória ou até derrota de alguns políticos é um ingrediente adicional.
Há ao menos 40 “festas” marcadas no Facebook para celebrar uma eventual derrota da presidente Dilma Rousseff (PT), que vai tentar se reeleger. É o que mostra levantamento do Congresso em Foco realizado até o último dia 15. Trata-se de um recurso para chamar pessoas em suas linhas do tempo para encontros de mentirinha. Desses eventos destinados à despedida da petista, o mais famoso deles já beira os 700 mil convidados “confirmados”. Se a provocação der certo, o evento acontecerá no domingo de 5 de outubro, mas sem uma cidade definida até o momento.
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Organizador de uma outra festa, o gestor de recursos humanos Kleyton José “Conservador”, 42 anos, de Brasília, faz parte da Nova Aliança Renovadora Nacional. Ele aposta que esse tipo de iniciativa em um espaço como o Facebook pode fazer diferença em relação a quem ainda não decidiu em quem vai votar. “A discussão e a exposição de opiniões nas redes sociais podem mudar o rumo das eleições no âmbito estadual e federal”, disse Kleyton ao Congresso em Foco. O evento dele já tem mais de mais de 210 mil convidados “confirmados”. Se tudo acontecer como espera Kleyton, a festa será em Brasília, na 904 Sul, no dia 5 de outubro.
Em resposta às manifestações contra Dilma, surgiram pelo menos nove anúncios de festas para celebrar a eventual reeleição da petista. Esses eventos também somam menos apoiadores – o principal, criado pelo empresário Tom Pereira, de São Paulo, tem mais de 11 mil “confirmados”. Se a contraprovocação também der certo, a festa deve acontecer na Avenida Paulista, em frente ao Masp, a partir das 16h.
Boicote
Pereira suspeita que o Facebook faz “boicote” à sua festa pró-governo. “Esse evento vem sendo boicotado diretamente pelo Facebook, estava com duas mil confirmações por dia. Do nada, a evolução caiu para 100 por semana”, diz o organizador. “Além disso, o contador de visitantes já voltou e avançou tantas vezes na contagem. É ingênuo confiar nessa ferramenta”, reclama. “Muitas pessoas estão perdidas, pois a oposição tem duas grandes armas: a mídia e sua teoria do caos. Nós temos a fraternidade e a união”, acrescenta Pereira.
O contador Mark Lehm, de Joinville (SC), organiza um evento pró-Dilma. Ele diz não acreditar que seu evento possa influenciar alguém, mas, na avaliação dele, serve para mostrar que ninguém é obrigado a ser anti-PT ou anti-Dilma apenas porque quase todo mundo na internet demonstra ter esse sentimento oposicionista. Tanto Pereira quanto Lehm informam que não são filiados a nenhum partido.
Há ainda alguns eventos para celebrar a despedida de Dilma somente em 2018 e para a posse da petista em novo mandato, em 1º de janeiro do ano que vem.
Aécio e Campos na berlinda
Se os eventos desfavoráveis à presidente Dilma parecem dominar o Facebook, rede social mais usada pelos brasileiros, também não são positivas as menções ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), nem em quantidade e nem em conteúdo. Ele vai concorrer ao Palácio do Planalto e aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. Há pelo menos quatro eventos em apoio ao tucano.
Há ainda referências à acusação segundo a qual o parlamentar é usuário de cocaína. Em entrevista recente, Aécio disse apenas ter fumado maconha aos 18 anos. “E ficou por aí”, disse.
Presidenciável do PSB, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também parece não ter empolgado os internautas, ao menos por enquanto. Até o último domingo, havia um evento sobre eventual posse do pessebista como presidente da República.
Adiós, governador!
Outros políticos também não escapam da onda de eventos anunciados em redes sociais. Há festas de despedida para vários governadores.
Entre eles, o do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), o de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD). Festas semelhantes estão marcadas para celebrar o “adeus” das urnas ao senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) e ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Todos devem tentar a reeleição.
Cardápio para políticos
Além de eventos, há páginas e grupos com o mesmo propósito. No Brasil, o Facebook tem 83 milhões de usuários – o país é o terceiro mercado da rede, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. Em 2013, o termo “eleições” foi o mais buscado no Facebook, segundo Bruno Magrani, diretor de relações institucionais da rede, declarou ao jornal Valor Econômico.
Este ano, a empresa ofereceu um “cardápio” de serviços eleitorais. Realizou um seminário em Brasília para mais de 200 pessoas, com um especialista do Facebook em campanhas e dicas para publicação de vídeos curtos, uso de linguagem informal e publicação no “horário nobre” das 20h às 22h.
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