Bombardeado por críticas de petistas por causa da condução da política econômica e por denúncias de corrupção durante sua gestão à frente da prefeitura de Ribeirão Preto (SP), o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, decidiu antecipar para esta quarta-feira a audiência que estava prevista para o dia 22 no Senado.
Palocci irá até o plenário para falar, oficialmente, sobre temas como a autonomia do Banco Central, a taxa básica de juros e a privatização do Banco do Estado do Ceará, conforme o requerimento aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Mas os senadores querem ouvir o ministro sobre a série de denúncias de irregularidades envolvendo o seu nome.
Ao antecipar sua ida ao Congresso, Palocci tenta acalmar o mercado, que oscilou negativamente com as recentes especulações sobre sua possível saída do ministério. Ainda não se sabe se o ministro participará, também nesta quarta, da audiência marcada pela comissão especial da Câmara que analisa a proposta de emenda constitucional (PEC) que institui o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
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Palocci deve se encontrar ainda nesta terça com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Granja do Torto para tratar de sua participação no Senado e dos últimos detalhes para a votação da medida provisória que cria a Super-Receita, que precisa ser votada pelos senadores até sexta para não perder a validade.
Com os rumores da troca de ministro, o dólar comercial subiu 2,12% na segunda-feira e bateu em R$ 2,21. A Bovespa registrou baixa de 0,96%.
Além de investigado pelo Ministério Público em Ribeirão Preto, Palocci agora enfrenta resistência dentro do próprio governo. A grande maioria dos ministros se queixa das retenções de recursos que dificultam a execução de seus planos. Boa parte dos parlamentares do PT e de partidos aliados, além de empresários, ativistas sindicais e economistas, consideram exageradas as atuais taxas de juros ou as metas de superávit (que obrigam o governo a investir menos).
PublicidadeNa semana passada, na CPI dos Bingos, o advogado Rogério Buratti voltou a responsabilizar Palocci por um esquema de corrupção no interior paulista que teria como destino o caixa dois do PT. Blindado até recentemente pela oposição, que apóia a atual política econômica, o ministro está sendo questionado agora pelo PFL e pelo PSDB.
Algumas das lideranças dos dois partidos já manifestaram a intenção de convocar Palocci a depor na CPI dos Bingos por causa da denúncia de que o comitê eleitoral de Lula teria recebido dinheiro de Cuba em 2002. Além de Buratti, outro ex-assessor do ministro, o economista Vladimir Poleto, confirmaram a denúncia em entrevista à revista Veja.
O ministro já avisou que não vai comparecer à CPI. “Em CPI eu não vou depor de jeito nenhum. Prefiro entregar o lugar”, desabafou Palocci, ao aceitar a proposta do presiente da CAE, senador Luiz Otávio (PMDB-PA), de depor no Senado, para rebater todas as críticas que vem recebendo nas últimas semanas.
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