Sylvio Costa |
Quando os entrevistadores do Congresso em Foco perguntaram quem mais se beneficia dos escândalos, ouviram de significativo número de parlamentares – 27% dos senadores e 13% dos deputados – um sonoro e espontâneo “ninguém”. O resultado é coerente com a idéia de que tanto o governo como o Congresso e os políticos saem perdendo com o lamaçal exibido ao vivo e a cores desde 14 de maio, data em que começou a circular a reportagem de Veja na qual o ex-chefe de departamento Maurício Marinho pôs para fora, involuntariamente, os podres da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Aceita a tese do “ninguém”, seria mais apropriado falar-se não em prejudicados e beneficiários ou em vencedores e vencidos, mas em náufragos e sobreviventes. E quem seriam eles? Publicidade
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No Senado, chama atenção o conceito do presidente da Casa, Renan Calheiros. De uma lista de 12 políticos para quem os entrevistados deram notas de 1 a 10, ele teve a pontuação média de 6,2. Em seguida, vieram Jobim (6), Aécio (5,8), Lula e Palocci (empatados com 5,6) e Alckmin (5,2). Na lanterna, Roberto Jefferson (3), José Genoino (2,8) e José Dirceu (2,1). Na Câmara, Jobim e Aécio empatam na liderança, com nota média de 5,7. São seguidos por Palocci (5,5), Alckmin (5,4), Lula e Renan (empatados com 5,1). A lanterna se repete: Jefferson (3,2), Genoino (2,9) e Dirceu (2,8). PublicidadeNas duas casas, Severino, Fernando Henrique e Sarney ficam na zona intermediária, distantes tanto da lanterninha quanto dos nomes mais bem cotados pelos parlamentares. Para o cientista político Paulo Kramer, os dados confirmam, em primeiro lugar, que o desenho do anti-Lula ganha contornos assemelhados ao dos perfis dos governadores de Minas e de São Paulo. Em segundo lugar, atestam o bom conceito de Renan, “um político que tem se esforçado para recuperar a imagem de alguma independência para o Legislativo”. Em terceiro, deixam claro que o presidente Lula “ainda detém um capital político muito grande, embora declinante”. Sem nenhuma dúvida, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente nacional do PT José Genoino pintam na pesquisa como as maiores vítimas do naufrágio. Roberto Jefferson não apenas teve uma pontuação média superior à dos dois como ainda foi citado espontaneamente por 2,3% dos deputados como o maior beneficiário dos escândalos do mensalão e dos Correios. |
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