O Globo
A guerra dos royalties – Congresso se rebela e manobra contra STF
Em articulação feita por deputados e senadores de estados não produtores de petróleo, amparados pelos líderes partidários da Câmara e do Senado, o Congresso realizará hoje, ao meio-dia, sessão para analisar 3.060 vetos presidenciais. Esta é mais uma ofensiva para derrubar os vetos da presidente Dilma Rousseff a artigos da lei que redistribui royalties do petróleo. O alvo é o artigo terceiro da lei, que trata das áreas já licitadas. Com o veto, foram preservados contratos e a distribuição atual para estados produtores.
O Congresso reagiu de forma dura e atípica à decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, que recomendou a análise dos vetos por ordem cronológica. De um lado, encaminhou ao STF um “agravo regimental” (recurso ) onde classifica a decisão de Fux de ” obtusa, equivocada e uma ingerência indevida do Poder Judiciário”. De outro, montou uma estratégia complexa, articulada pelos parlamentares de estados não produtores que querem uma fatia dos royalties, para a votação de hoje, em resposta à liminar de Fux.
Cada deputado e senador vai receber um impresso, de 463 páginas, com todos os vetos, podendo marcar “sim”, “não” ou “abstenção”. Mas os parlamentares dos estados não produtores pretendem deixar tudo em branco, e só votar pela manutenção do artigo que redistribui para todos os estados o dinheiro dos royalties dos poços já licitados. A votação é secreta, e o resultado não sairá na hora. Os votos serão contabilizados pela Secretaria Especial de Informática do Senado (Prodasen). A bancada do Rio ameaça ir de novo ao Supremo pedindo um mandado de segurança para impedir a derrubada dos vetos do petróleo. Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o Congresso tem que dar parecer sobre cada veto.
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‘Querem intimidar o Parlamento’
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), reagiu ontem às declarações feitas na véspera pelo ministro do STF Celso de Mello, que afirmou que o descumprimento da decisão do STF sobre a cassação dos mandatos dos parlamentares condenados no mensalão poderia ser enquadrado em crime de prevaricação. Indagado se entendia que o não cumprimento da decisão implicaria em prevaricação, Maia afirmou: – Isso é uma tentativa de tentar intimidar a Câmara, mas ninguém intimida o Parlamento brasileiro. Quem faz a lei é o Parlamento, quem escolhe ministros (do Supremo) é o Senado e quem define regras de como deve funcionar o Poder Público é o Parlamento – disse Marco Maia, acrescentando:
– Não cabe intimidação, cabe a harmonia e o respeito à prerrogativa dos Poderes. O presidente voltou a reafirmar que a Câmara só tomará decisão em relação a esta questão depois que o acórdão do STF for publicado. Disse que, até lá, os parlamentares seguirão conversando com o Supremo para que não haja ingerência sobre prerrogativas da Casa.
CPI dá em nada
Com manobras de última hora para troca de parlamentares e com a maioria disposta a liquidar a investigação, a CPI do Cachoeira terminou ontem com um relatório de duas páginas, sem nenhum indiciamento. O redator do texto aprovado, o deputado neófito Luiz Pitiman (PMDB-DF), poupou todos os investigados, com a desculpa de que não queria acusar ou inocentar ninguém injustamente. Por 18 votos contra e 16 a favor, o relatório com mais de 5 mil páginas do deputado Odair Cunha (PT-MG) foi derrotado. Já o texto que não responsabiliza ninguém venceu por 21 votos a sete.
Todo material recebido pela CPI ao longo de oito meses de trabalho – quebras de sigilos encaminhados pelos bancos e órgãos federais – será encaminhado ao Ministério Público e à Polícia Federal. Essa providência já havia sido votada e aprovada por unanimidade antes da derrota do relatório de Cunha. O PSDB se aliou ao PMDB e a outros partidos menores para barrar a aprovação do relatório de Cunha. Parlamentares que nunca haviam comparecido nas reuniões da comissão marcaram presença para impedir o indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish. O relator pedia o indiciamento de ambos. Entre os peemedebistas, somente a deputada Íris Araújo (GO), adversária política de Perillo, foi favorável ao parecer de Odair Cunha.
Correio Braziliense
Lei Seca mais dura deve valer neste ano
A presidente Dilma Rousseff deve sancionar, nos próximos dias, as regras que tornam mais rígidas a lei seca. Aprovadas ontem à noite pelo Senado, as novas normas vão valer já para as festividades de fim de ano — Natal e réveillon — e prometem aumentar o número de punições a motoristas embriagados. Entre as principais mudanças está a que vídeos e testemunhos de policiais poderão ser usados como provas de que o condutor misturou bebida e direção. Desrespeitar a lei também pesará mais no bolso do cidadão: além do aumento da multa, o valor dobrará em caso de reincidência.
As alterações são uma reação do governo federal ao enfraquecimento da lei seca. Em março deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que apenas o bafômetro e o exame de sangue podem ser considerados como provas para aplicação das punições. Assim, vários motoristas passaram a recusar o uso dos mecanismos, alegando ter o direito de não produzir prova contra si, e acabaram saindo impunes.
É pagar caro ou correr o risco de apagão
Os brasileiros terão que conviver por um longo tempo com o risco de novos apagões no fornecimento de energia, de acordo com o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Segundo ele, a solução para os constantes blecautes que têm afetado grandes áreas do país passa pela construção de um conjunto de novas linhas de transmissão. Porém, o governo não tem como autorizar as obras no ritmo necessário porque a conta de luz subiria “assustadoramente”.
“É preciso haver equilíbrio entre a segurança do sistema e os custos dos investimentos. Os projetos não podem ser feitos todos ao mesmo tempo porque a tarifa iria lá para cima. Por isso, temos de correr risco em alguns lugares”, disse Chipp, ao chegar, ontem, ao Ministério de Minas e Energia para participar de reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
O alerta do diretor do ONS, que é órgão responsável por coordenar e controlar as operações do setor, não é novidade para os especialistas. De acordo com Luiz Vicente Gentil, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), as sucessivas falhas nos últimos anos evidenciam a fragilidade da malha nacional de transmissão de energia. “Temos uma rede de 103 mil quilômetros que, em muitos pontos, é vulnerável a ocorrências como raios e queimadas”, disse ele ao Correio.
“Decisões do STF valem como lei”
Em meio à polêmica sobre a liminar do Supremo que anula a sessão que deu o caráter de urgência à votação dos royalties do petróleo, o tema da cassação do mandato dos deputados condenados no julgamento do mensalão segue em pauta na Esplanada, principalmente por conta do risco de se criar uma crise institucional entre o STF e a Câmara. Ontem, durante o balanço do Plano Estratégico de Fronteiras, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que as decisões do STF valem como lei. “As decisões do Supremo, desde que transitadas em julgado, diz a Constituição, valem como lei e deverão ser cumpridas, independentemente da avaliação que as pessoas possam subjetivamente fazer sobre elas.”
Já o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), voltou a reclamar da decisão do Supremo de cassar automaticamente o mandato dos parlamentares condenados no julgamento do mensalão. “A Câmara só poderá tomar decisão quando encerrar esse processo. Vamos continuar dialogando e fazer um apelo para que não haja ingerência sobre ações e decisões que são de âmbito da Câmara. Já pedi à AGU que faça uma análise da questão para ver se cabe algum recurso”, comentou.
Advogados cobram uma definição
Com a “consciência de dever cumprido” por ter colaborado para a absolvição de 12 réus, o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, afirmou ontem que não há impedimento para que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, determine sozinho sobre a prisão imediata dos réus. Os condenados, porém, pedem que a decisão seja tomada hoje em plenário. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deve apresentar o pedido de detenção nos próximos dias, durante o recesso do Judiciário, que se inicia amanhã. “Em tese, não há impedimento. Toda medida cautelar pode ser sempre determinada por qualquer juiz, mesmo estando em recesso o tribunal, porque é uma medida de urgência”, frisou Lewandowski, que deve se revezar com Barbosa no recesso por ser vice-presidente do STF.
Entre os réus, é grande o receio de que a decisão sobre as prisões saia no recesso. Alguns advogados apresentaram ontem petições ao Supremo, pedindo que a Corte trate do assunto na sessão de hoje, a última antes de os ministros entrarem de férias. Condenado a 10 anos e 10 meses de cadeia, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu apresentou uma petição ao STF, na qual solicita que o pedido de prisão cautelar eventualmente apresentado no recesso seja analisado somente pelo plenário. O argumento é de que não há urgência. “Essa prisão cautelar é flagrantemente inconstitucional.”
Aliados reforçam defesa do ex-presidente
O Judiciário, a imprensa e a oposição foram os alvos dos ataques da bancada do PT na Câmara, em ato de desagravo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ato foi idealizado como resposta às recentes denúncias de que o ex-presidente teria se beneficiado financeiramente dos recursos desviados pelo esquema do mensalão. Nos discursos, os petistas defenderam a tese de que as acusações contra o ex-presidente tentam desconstruir os avanços do governo dele. “A oposição, setores da mídia e do Judiciário — ao dar credibilidade (às denúncias) dizendo antecipadamente isso ou aquilo — querem é abafar as transformações feitas no país pelo presidente Lula e continuadas pela presidente Dilma”, disse o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR).
Lula recebe apoio de oito governadores
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu agravo de oito governadores, incluindo Teotônio Vilela Filho, que é do PSDB. Desde a semana passada, diversos setores do PT e do governo vêm realizando movimentos em favor do ex-presidente. O primeiro ato ocorreu no Senado, na quinta-feira, quando os parlamentares relançaram o slogan “Lula é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo”, que ganhou as redes sociais na sexta-feira passada.
O encontro entre Lula e os governadores, que também contou com a presença do escritor Fernando Morais, aconteceu na tarde de ontem no instituto que leva o nome do ex-presidente, em São Paulo. Além dos petistas Agnelo Queiroz (DF), Jaques Wagner (BA) e Tião Viana (AC), estiveram com Lula os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; de Mato Grosso, Silval Barbosa — ambos do PMDB —; Camilo Capiberibe (AP); e Cid Gomes (CE), os dois últimos do PSB. O oitavo integrante do grupo foi Teotônio Vilela Filho (PSDB), de Alagoas. O tucano justificou a presença alegando que é amigo pessoal de Lula, a quem seu estado deve muito. “Vim como pessoa, como amigo e como governador”, explicou.
Pizza com champanhe na CPI
Depois de oito meses, a CPI do Cachoeira terminou ontem sem pedir o indiciamento de nenhum dos envolvido no esquema que misturou corrupção e jogos ilegais protagonizado pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Interessados em blindar aliados, os líderes partidários rejeitaram o texto de cerca de 3 mil páginas do relator, Odair Cunha (PT-MG), e aprovaram como relatório o voto em separado do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF). Em duas resumidas páginas, ele apenas determina o envio das informações recolhidas pela comissão ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF). Na prática, os parlamentares remetem aos dois órgãos dados para uma investigação que eles próprios não fizeram, do envolvimento de agentes públicos e empresas com a organização do bicheiro.
Criada para avançar nas apurações da PF sobre as relações de Cachoeira com políticos, a CPI termina sem fazer qualquer análise sobre os dados que recolheu. Não pede sequer o indiciamento do ex-senador Demóstenes Torres, cassado pelo próprio Congresso depois de a maioria dos parlamentares entender que ele usou o mandato para favorecer negócios de Cachoeira. As duas laudas aprovadas como relatório registram que a comissão não conseguiu chegar a “conclusões irrefutáveis”.
O Estado de S. Paulo
CPI do Cachoeira termina em acordo e sem indiciados
Depois de consumir R$ 120 mil e oito meses de trabalho de parlamentares e assessores? a CPI do Cachoeira aprovou ontem, entre protestos de que tudo virou “presepada” e “piada”, uni relatório de uma página e meia sem apontar ninguém como suspeito de integrar ou participar do grupo do contraventor já condenado a quase 40 anos de prisão por comandar um esquema de jogos ilegais apoiado por agentes públicos,
A convergência de interesses dábase governistas e da oposição blindou as investigações sobre o contraventor Carlinhos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, o senador cassado Demóstenes Torres, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), entre outros, Os parlamentares que integram a comissão rejeitaram o texto final do relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG), de 5 mil páginas, que colocava no foco da investigação o governador tucano e poupava nomes importantes da base aliada e do PT, como ós do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz.
O relator já havia feito “ajustes” em seu texto a fim de que fosse,: aprovado. Inicialmente, queria indiciar mais de 40 pessoas, entre elas o jornalista da revista Veja Policarpo Jr., que aparece numa série de interceptações conversando com Cachoeira. Também queria que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fosse investigado por não ter aberto procedimento contra Demóstenes mesmo após a Operação Vegas da Polícia Federal ter apontado indícios de sua ligação com o contraventor.
‘A pressão sempre foi para excluir Perillo’
O relator da CPI do Cachoeira, o deputado Odair Cunha (PI-MG), teve seu texto final adiado por três vezes por falta de acordo e, na sessão final da comissão, foi derrotado por um texto, do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), que o petista classificou de “pizza”. Chamado de líder da tropa de choque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na CPI, que originalmente pretendia investigar apenas membros da oposição e a imprensa, Cunha produziu um relatório desidratado depois de tentar atingir o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e ser obrigado a recuar no indiciamento de jornalistas.
Condenados tentam não ficar nas mãos de Barbosa
Condenados no processo do mensalão iniciaram ontem uma corrida para evitar que nos próximos dias o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, decrete prisões. Advogados do ex-ministro José Dirceu, do deputado federal João Paulo Cunha, do ex-deputado José Genoino, do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pízzolato e de três ex-dirigentes do Banco Rural protocolaram petições no STF sustentando que o pedido de prisão imediata seja analisado pelo plenário da Corte e não apenas pelo presidente e relator do processo, Joaquim Barbosa. O primeiro, como revelou ontem Sônia Racy, na coluna Direto da Fonte, foi Alberto Toron, em nome de João Paulo Cunha.
A defesa de Dirceu afirma, em sua petição, que o regimento interno do Supremo estabelece que, em processos criminais, o relator deve submeter ao plenário da Corte decisões sobre a adoção de medidas cautelares, como as que decretam prisões.
Câmara aposta que Supremo vai rever cassação de mandatos
A Câmara dos Deputados aposta que a decisão do Supremo Tribunal Federal de decretar a perda de mandato dos condenados no mensalão ainda será revista pela Corte. Os parlamentares observam que o julgamento de recursos da decisão terá a participação de novos ministros e acreditam num recuo do STF. A decisão do Supremo é que os mandatos somente serão retirados após o fim do julgamento dos embargos. Deputados de diversos partidos destacaram que a decisão foi tomada por 5 votos a 4 e que ao menos dois novos ministros devem participar de uma nova discussão. Um deles é Teori Zavascki, já empossado. O outro é o substituto de Carlos Ayres Britto, que se aposentou no mês passado. Se os dois votos forem favoráveis ao entendimento da Câmara a virada estaria consolidada.
O presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), reafirmou ontem a decisão de recorrer. Ele sugeriu a possibilidade de recuo do STF. “Acho que a sociedade, os juristas, quem conhece desse assunto tem de falar sobre o tema até para que o Supremo Tribunal Federal na hora de julgar essa questão novamente o faça à luz do pensamento médio da sociedade.”
Temer e Cardozo dizem que decisão do STF é lei
O vice-presidente Michel Temer e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disseram ontem que decisões do Supremo Tribunal Federal devem ser cumpridas, ao serem questionados sobre a determinação da perda de mandatos dos parlamentares condenados no julgamento do mensalão. O peemedebista afirmou, no entanto, que a Câmara deve ser ouvida sobre o cumprimento da lei, enquanto o petista frisou que é preciso esperar o trâmite completo do processo.
“As decisões do Supremo Tribunal Federal, desde que transitadas em julgado, como diz a Constituição, valem como lei e devem ser cumpridas, independentemente da avaliação que as pessoas possam subjetivamente fazer sobre elas”, afirmou Cardozo. O ministro deu a declaração após insistência dos jornalistas. Inicialmente, disse que se absteria pois, na condição de ministro da Justiça, tinha de respeitar as “fronteiras” entre os Poderes.
Congresso manobra para votar royalties
O Congresso foi rápido no troco à decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, que por medida liminar suspendeu a sessão realizada ea semana passada, quando foi aprovada a urgência para a votação dos vetos ao projeto de distribuição dos royalties do petróleo. À exceção do PT da Câmara, todos os partidos apresentaram requerimento para que sejam votados ainda hoje pelo Congresso os 3.060 vetos presidenciais que estão na gaveta desde 2000, sendo o último deles o dos royalties.
” “Se eu obtiver o amparo dos líderes, eu convoco a sessão e faço a votação”, disse o presidente do Senado e do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), logo depois de ser procurado por lideranças das duas Casas. Foi iniciada então a coleta de assinatura dos líderes. A lista do Senado ficou pronta no início da tarde de ontem. A da Câmara demorou mais porque o deputado Jilmar Tatto, líder do PT, alegando que o partido está rachado quanto à votação dos vetos, recusou-se a assiná-la. Enquanto os partidos providenciavam as listas de assinaturas, Sarney nomeou cinco senadores para uma comissão especial destinada especificamente a dar um parecer sobre os vetos. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), fez o mesmo, e nomeou cinco deputados. Nenhum dos escolhidos pertence aos Estados que defendem a lei dos royalties – Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. O Piauí contribuiu com três dos dez integrantes, um deles o relator, deputado Júlio Cesar (PSD).
Senado confirma aumento para o STF e eleva teto de servidores
Em votação que não durou sequer dez minutos, o plenário do Senado aprovou na noite de ontem dois projetos de lei que concedem reajustes salariais aos ministros do Supremo Tribunal Federal – que estabelece o teto do funcionalismo – e ao procurador-geral da República. As propostas, que vão seguir para sanção da presidente Dilma Rousseff, preveem um aumento escalonado dos subsídios de 15,7% nos próximos três anos, chegando a R$ 30.935,36 mensais no início de 2015. Atualmente, essas autoridades recebem R$ 26.723 por mês. Pela Constituição, os salários dos ministros do Supremo têm de ser os mais altos do Poder Público. Trata-se do teto a que cada servidor pode receber mensalmente – há, porém, muitos funcionários públicos que extrapolam esse teto por causa de gratificações e bonificações, muitas obtidas com decisões judiciais.
Governo quer arrecadar RS 15 bi com aeroportos
O governo federal estima arrecadar cerca de R$ 15 bilhões com a concessão dos aeroportos do Galeão (RJ) e Confins (MG) à iniciativa privada. O anúncio deve ser feito amanhã pela presidente Dilma Roussef A estatal Infraero, que hoje controla os terminais, ficará com 49% de participação dos empreendimentos.
Outros terminais podem ser incluídos no pacote. Até ontem, as privatizações dos aeroportos de Salvador (BA), Recife (PE) e Vitória (ES) não estavam descartadas, mas a tendência é que apenas Galeão e Confins sejam concedidos. O modelo de privatização será semelhante ao adotado no início do ano, quando foram concedidos os aeroportos de Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Brasília (DF), por R$ 24,5 bilhões. Mas, agora, o governo exigirá que apenas operadoras de aeroportos internacionais que movimentam pelo menos 35 milhões de passageiros por ano participem do leilão. Pelo terminal do Galeão passam cerca de 18 milhões de passageiros por ano, enquanto Confins registra por volta de 10,5 milhões pessoas por ano.
Lula recebe apoio de governadores e parlamentares
Oito governadores, entre eles – um tucano, estiveram ontem em São Paulo a fim de “prestar solidariedade” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por causa das recentes acusações do empresário condenado Marcos Valério segundo as quais o petista deu “ok” aos empréstimos fraudulentos do mensaião e teve até despesas pessoais pagas pelo esquema.
Valério prestou depoimento à Procuradoria-Geral da República em 24 de setembro deste ano, dias após ser condendenado pelo Supremo por operar o esquema de pagamento de parlamentares que funcionou entre os anos de 2003 e 2005, durante o primeiro mandato de Lula no Planalto. O ex-presidente afirma que as acusações feitas por Valério são uma “mentira”. Ministros da presidente Dilma Rousseíf e dirigentes do PT j á haviam saído publicamente em defesa de Lula.
Assembleia de São Paulo aprova aumento de salário para ‘Alckmin
A Assembleia Legislativa aprovou anteontem reajuste de 103% no salário do governador Geraldo Alckmin (PSDB), elevando-o dos atuais R$ 18.725 para R$ 20.662. 0 acumulado da inflação, medida pelo ÍPCA, desde o último aumento recebido pelo governador, são os mesmos 10,3%. A elevação, se sancionada pelo governador, provocará efeito cascata nas contas do Estado porque o salário de Alckmin é o teto do funcionalismo estadual.
Sancionada, a medida passa a valer a partir de janeiro. A proposta foi apresentada pela Mesa Diretora da Casa no dia 12 e contou com o aval da bancada gover-nista na Assembleia, que segue a orientação da Casa Civil. Tramitou em regime de urgência.
Jornalista que denunciou policiais é ameaçado no PR
Um dia após o jornalista Mauri König, do jornal curitibano Gazeia do Povo, sofrer ameaças contra ele e sua família, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual do Paraná instaurou ontem um procedimento para tentar identificar os autores. Em maio, o profissional foi autor de uma série de reportagens sobre irregularidades praticadas por delegados do Paraná.
Após cinco ligações para a redação com ameaças contra o j or-nalista, König foi para local man” tido sob sigilo e protegido por seguranças da empresa. Segundo o coordenador do Gaeco, Leonír Batisti, o primeiro passo é identificar os autores dos telefonemas. “Já nos repassaram os números e estamos investigando. Além disso, queremos checar a credibilidade dessas ligações e ver qual o grau de seriedade delas.”
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