O ministro de Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, foi hostilizado em um bar tradicional de Belo Horizonte neste domingo (8). Deputado licenciado, o petista estava acompanhado do secretário-adjunto de Educação de Minas Gerais, Carlão Pereira (PT), e de suas respectivas esposas. Ele foi abordado na saída do estabelecimento por um homem que carregava um cartaz, onde estava escrito “Fora PT”, e repetia que o partido, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula são “os mais corruptos do Brasil”.
Logo que começaram as acusações, de maneira exaltada, o homem foi acompanhado por outros frequentadores do bar, que aumentavam o coro e aplaudiam. Após as primeiras ofensas, o agressor justifica sua insatisfação com o governo, ao dizer que, como empresário, está demitindo seus funcionários por causa de um “PT ladrão, desonesto”. Neste momento, ele é interpelado por Carlão, que questiona se o agressor sonega impostos. “Pago [tributos] e sonego para não mandar dinheiro para esse partido ladrão”, respondeu ele.
No final do vídeo, que dura quase três minutos, Patrus pede para que o homem escreva todas as denúncias que dizem respeito somente a ele. “Põe no papel as denúncias que eu vou processar você”, disse o ministro. O homem responde dizendo que as acusações são direcionadas ao PT.
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“Tivemos uma conversa altiva e buscamos negociação e diálogo, com convém a uma sociedade democrática. Fizemos isso porque ninguém vai nos tirar das ruas e dos bares de BH. Nenhuma reação de uma manifestação organizada, travestida de espontânea, vai nos intimidar e limitar nosso direito de sentar com os amigos e a família em um bar numa tarde de domingo em qualquer cidade”, manifestou-se Patrus sobre o episódio, em sua página oficial no Facebook.
O ministro defende que a manifestação dos frequentadores foi “travestida de espontânea” ao descrever a filmagem do vídeo, tendo em vista que a câmera já estava posicionada antes mesmo de Patrus deixar o bar. No início da gravação, antes do ministro e seus acompanhantes aparecerem, é possível ouvir a voz de uma criança, que questiona se “a mesa do lado também vai fazer isso”. Uma mulher dá a resposta afirmativa.
“Este não vai ser o país onde se toma o poder pela força, usando mentiras e calúnias sem fundamento. Este não vai ser o país onde quem grita mais alto tem razão. Este vai continuar sendo o país da democracia, de quem sabe ouvir, compreender e debater”, finaliza a postagem do ministro.
Patrus é o quarto petista agredido verbalmente este ano ao frequentar estabelecimentos públicos. Somam-se a ele os ex-ministros Guido Mantega (Fazenda) e Alexandre Padilha (Saúde) e o ex-senador e atual secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Suplicy.
Confira vídeo da agressão contra Patrus e íntegra do comentário do ministro abaixo.
“Este não vai ser o país do ódio. Ninguém vai nos tirar das ruas de Belo Horizonte.
Estive há pouco na Cervejaria Bar Brasil, um bar tradicional de BH, com minha esposa Vera, Carlão Pereira e sua esposa Jussara. Estávamos ali conversando entre amigos, sendo tratados com toda a gentileza pelos garçons. Pagamos a conta e levantamos para sair quando um homem em uma mesa próxima à porta começou a gritar, fazendo acusações de corrupção e levantando um daqueles cartazes – “Fora PT, Fora Dilma”…
Me aproximei e pedi 30 segundos para conversarmos. Ele retrucou que iria me “conceder 10 segundos”. Respondi que colocasse num papel e assinasse todas as acusações sem provas em relação a mim, que amanhã mesmo eu entraria com uma ação contra ele. Então a conversa mudou, com ele dizendo que “eram acusações em relação ao PT”. Uma câmera já estava posicionada desde o início, esperando para flagrar o momento “espontâneo”.
Algumas mesas ao redor, articuladas a essa primeira, começaram a ampliar o barulho, tentando nos intimidar. Não arredamos pé. Respondemos às acusações sem fundamento, exigimos respeito, mantivemos a firmeza. O acusador da primeira mesa rapidamente foi embora em silêncio, enquanto nós permanecemos ali.
Tivemos uma conversa altiva e buscamos negociação e diálogo, com convém a uma sociedade democrática. Fizemos isso porque ninguém vai nos tirar das ruas e dos bares de BH. Nenhuma reação de uma manifestação organizada, travestida de espontânea, vai nos intimidar e limitar nosso direito de sentar com os amigos e a família em um bar numa tarde de domingo em qualquer cidade.
Porque este não vai ser o país do ódio generalizado, mesmo que esse seja o sonho de tantos que não conseguiram vencer democraticamente.
Este não vai ser o país onde se toma o poder pela força, usando mentiras e calúnias sem fundamento. Este não vai ser o país onde quem grita mais alto tem razão. Este vai continuar sendo o país da democracia, de quem sabe ouvir, compreender e debater.”