Sônia Mossri |
Mais do que a briga interna no partido entre a ala que defende a saída e a tendência que pretende manter o apoio ao Planalto, o PMDB vive hoje uma disputa entre as bancadas do Senado e da Câmara pela indicação do comandante do novo superministério, recheado de verbas para estados e municípios, que será oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em troca do apoio ao governo petista. Preocupados em permanecer no cargo, os dois ministros do PMDB – Eunício Oliveira, das Comunicações, e Amir Lando, da Previdência Social – foram ao Congresso ontem para tentar convencer os colegas senadores e deputados da conveniência de o partido conservar a aliança com o PT. Publicidade
Eunício já contava como certa a sua “promoção” para um outro ministério. De olho no governo do Ceará, ele sonha com a visibilidade de um Ministério das Cidades ou um Ministério da Integração Nacional. Leia também Publicidade
Por isso mesmo, não é mera coincidência que a casa do próprio Eunício seja a sede de um almoço entre o presidente Lula e a bancada de deputados do PMDB. O problema é que o ministro não contava com a resistência de parcela dos colegas de partido. PublicidadeO líder do PMDB na Câmara, deputado José Borba (PR), passou o dia inteiro de ontem ouvindo reclamações de parlamentares que não estavam nada satisfeitos com o local escolhido para o encontro. Na sexta-feira passada, Lula afagou 16 dos 23 senadores do partido durante um churrasco na casa de Lando, tudo para mantê-los na base aliada. Para muitos dos deputados do PMDB, a simples ida ao almoço na casa do ministro poderá sinalizar ao Palácio do Planalto que os parlamentares estariam dando um sinal verde para a “promoção” do colega de partido para outra pasta. O próprio ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, admitiu que a escolha de um campo neutro seria melhor. O comunista também teve de ouvir reclamações dos peemedebistas insatisfeitos. Há quase uma semana, Eunício começou um movimento para tentar reduzir o rancor difundido entre os parlamentares desde que ele trocou a liderança do partido na Câmara, no início de 2004, pelo Ministério das Comunicações. Muitos deputados se dizem abandonados por Eunício. Queixam-se de que ele teria se esquecido de que é um deputado do PMDB licenciado para ser ministro e, que, por isso mesmo, teria que manter uma relação mais cordial com a bancada. O clima também não era fácil no Senado. Os senadores do PMDB exigem a prerrogativa de indicar o terceiro ministro do partido ou aquele que irá ocupar o prometido superministério, com maior poder de fogo junto a estados e municípios. Dos 75 parlamentares que integram a bancada do PMDB na Câmara, pelo menos vinte se mostravam dispostos a não comparecer ao almoço com o presidente Lula. Como o humor do partido é variável, o quórum é imprevisível. |
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