Arrolados como testemunha por Roberto Jefferson (PTB-RJ), os deputados Miro Teixeira (PT-RJ) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), confirmaram ter conhecimento da denúncia de que parlamentares da base aliada receberiam dinheiro para votar com o governo. Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, Leréia reafirmou que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), havia alertado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o mensalão há mais de um ano.
A conversa, segundo Leréia, ocorreu durante um encontro do governador com o presidente na cidade goiana de Rio Verde e teria sido acompanhada por duas testemunhas: o motorista e o ajudante-de-ordem da Presidência da República. Nela, Marconi teria relatado a Lula que a deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) havia recebido oferta de dinheiro para migrar para um partido da base aliada.
Segundo Leréia, o autor da oferta seria o líder do PL, Sandro Mabel (GO), que lhe teria prometido o repasse mensal de R$ 30 mil, além de luvas de R$ 1 milhão, para trocar de partido e votar com o governo. A deputada, que está licenciada do cargo, vai prestar depoimento hoje ao Conselho de Ética da Câmara.
O depoimento de Leréia foi precedido pelo de Miro. O ex-ministro das Comunicações disse que investigou a denúncia de que parlamentares estariam ganhando dinheiro em troca de apoio ao governo desde que deixou o ministério e foi informado do suposto esquema pelo Roberto Jefferson (PTB-RJ). Mas que não encontrou nenhuma comprovação até o momento.
Miro disse que, em nenhum momento, Jefferson conversou com ele sobre a participação, no esquema do mensalão, do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e do publicitário Marcos Valério. O deputado também negou ter ouvido do petebista nomes deputados que receberiam a mesada, tampouco os valores envolvidos no negócio.
De acordo com Miro, Jefferson ainda não contou tudo o que lhe havia relatado em dezembro de 2003. “Roberto, saia dessa toca. Mostre o final da história”, apelou. O deputado, no entanto, se negou a reproduzir o diálogo. “Quando alguém reproduz um diálogo, não pode dizer só o que lhe interessa. Ele diz que viu uma reunião e depois negou”, afirmou."Ele (Jefferson) é o dono da história. Eu não quero ser seu porta-voz", justificou. Publicidade
O deputado mais uma vez negou ser a fonte da primeira reportagem sobre o esquema do mensalão publicada em setembro do ano passado pelo Jornal do Brasil. Miro disse que não denunciou o suposto esquema por não ter provas. "Uma coisa é ouvir falar, outra coisa é presenciar. (…) Não desqualifico o depoimento do Roberto Jefferson, o que acho é que é temerário atingir deputados assim dessa maneira", afirmou.
Suassuna
A Comissão de Sindicância da Corregedoria da Câmara ouviu ontem o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), que negou ter intermediado um encontro entre Jefferson e Arlindo Molina, o chamado "comandante Molina", acusado pelo petebista de ser um dos autores das gravações que flagram o recebimento de propina por parte de Maurício Marinho, ex-diretor de compras dos Correios, e de tentar extorqui-lo. Jefferson diz que só recebeu Molina depois que Suassuna fez o pedido da reunião.
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