Mário Coelho
A ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira reafirmou há pouco, em depoimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que teve um encontro com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no fim do ano passado. Lina afirmou ainda que, na ocasião, a ministra pediu que as investigações envolvendo empresas de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tivessem “celeridade”.
“Agilizar a investigação do filho do Sarney, foi só isso que ela me disse”, declarou. “Foi um pedido incabível da ministra”, acrescentou.
Lina Vieira relatou aos senadores que a chefe de gabinete de Dilma, Erenice Guerra, esteve na Receita para marcar o encontro com a ministra. A ex-secretária contou que questionou Erenice sobre o assunto da reunião. Segundo ela, a chefe de gabinete não quis adiantar o motivo da conversa com a ministra.
“A reunião com a Dilma foi muito rápida. Não durou dez minutos. O encontro não consta das duas agendas. Não preciso de agenda para falar a verdade, nem me senti pressionada pela ministra Dilma”, afirmou. Ela disse não se lembrar da data nem do horário da reunião. “O sistema de interno de segurança da Casa Civil deve ter imagens da minha chegada lá. Não sou invisível.”
Lina disse que não procurou a Folha de S. Paulo para falar do encontro. Ela contou que foi procurada por dois repórteres do jornal paulista para confirmar a informação de que a ministra teria pedido celeridade no caso de Fernando Sarney.
A ex-secretária afirmou, ainda, que havia uma determinação da Justiça para que as investigações, iniciadas em 2007 em conjunto com Ministério Público e Polícia Federal, fossem aceleradas. “Não posso responder pela ministra por que ela pediu celeridade. O processo corre em segredo de Justiça, não posso mais dar detalhes”, afirmou.
Após quase duas horas de discussão, em que senadores da base e da oposição divergiram sobre o convite aprovado na semana passada, Lina Vieira começou fazendo um relatório de sua atuação como servidora da área tributária no Rio Grande do Norte. Ela destacou que, por duas oportunidades, comandou a pasta da área no governo potiguar. Lina afirmou que foi convidada por políticos de correntes opostas no estado. “Nunca tive qualquer tipo de filiação partidária”, afirmou.
Depois, ela falou sobre o convite feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, no ano passado, para substituir o então secretário da Fazenda, Jorge Rachid. Em uma apresentação de Power Point, Lina abordou as mudanças e modernizações que foram feitas no órgão nos últimos anos. A ex-secretária aproveitou para rechaçar as críticas de que, durante sua gestão, a arrecadação diminuiu. “Comparar a arrecadação de 2008, que foi um ano de bonanza, com 2009 é quase patético”, afirmou, referindo-se à crise econômica.
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