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Aguardado hoje na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) voltou a acusar o PT de se valer da máquina estatal para engordar o caixa do partido. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ex-presidente do PTB denuncia um esquema de desvio de R$ 3 milhões por mês a partir de Furnas Centrais Elétricas. O dinheiro seria distribuído entre o partido, parlamentares e diretores da estatal. O esquema teria sido relatado a ele pelo diretor de Engenharia de Furnas, Dimas Toledo. "Ele explicou que sobram R$ 3 milhões por mês em Furnas", afirma Jefferson à Folha. "Desse total, R$ 1 milhão vai para o PT nacional, pelas mãos do Delúbio (Soares, tesoureiro do partido). R$ 1 milhão vai para o PT de Minas Gerais, por meio do doutor Rodrigo (Botelho Campos, diretor de Administração, ex-dirigente da CUT-MG)." Toledo não foi localizado pelo jornal para comentar as declarações do petebista. Publicidade
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O restante do dinheiro seria dividido meio a meio: "R$ 500 mil ficam com a diretoria de Furnas" e "R$ 500 mil são repartidos entre um pequeno grupo de deputados". Entre os parlamentares supostamente envolvidos no caso, Jefferson aponta três ex-tucanos: Luiz Piauhylino (PDT-PE), Osmânio Pereira (PTB-MG) e Salvador Zimbaldi (PTB-SP). Segundo ele, o trio foi responsável pela nomeação do diretor financeiro de Furnas, José Roberto Cesaroni Cury. Dimas teria feito o relato em visita ao apartamento do deputado em Brasília no dia 13 de abril. O diretor teria feito a exposição depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que entregaria a diretoria ao PTB. "Tudo o que o Dimas me explicou eu relatei depois ao Zé Dirceu. Ele confirmou que era isso mesmo", diz o deputado. “Percebi claramente que o Zé Dirceu estava jogando contra a nomeação do Pirandel (Francisco Pirandel, nome que o PTB havia escolhido para o posto em Furnas)." PublicidadeDirceu, segundo Jefferson, teria proposto ao petebista que esquecesse a estatal e deixasse que a negociação se desse diretamente entre o PT e o PTB. "Roberto, vamos resolver esse negócio por cima. Deixa o Dimas lá. A gente faz um acerto direto entre o PT e o PTB", teria dito o então ministro da Casa Civil. Jefferson pretende usar o caso de Furnas para mostrar, na CPI dos Correios, a influência de Dirceu em supostos negócios escusos com dirigentes petistas. Em seu depoimento, o deputado deve reforçar que as ações do ex-ministro da Casa Civil eram feitas sem o conhecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na entrevista publicada hoje, o deputado disse ter sido questionado por Lula sobre a demora do partido em indicar um nome para a diretoria de Engenharia da estatal. "Quando ele perguntou sobre a substituição do Dimas, ficou claro para mim que ele não estava sabendo de nada." Prevista para as 14h, a participação de Jefferson na CPI ainda corre risco de ser adiada. Na falta de entendimento de governo e oposição para aprovar uma série de requerimentos – entre eles, o pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal do publicitário Marcos Valério Fernandes –, a comissão parlamentar de inquérito passou para hoje o depoimento dos ex-diretores dos Correios Antônio Osório (Administração), Maurício Madureira (Operações) e Eduardo Medeiros Morais (Tecnologia). |
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