Enquanto a crise do governo se ampliava com os depoimentos e as votações que ocorriam ontem no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com ataques às denúncias de corrupção. Em discurso no município goiano de Luziânia, a 60 km de Brasília, Lula procurou descolar a crise do governo e disse que a oposição está tentando antecipar o debate eleitoral porque tem medo de sua reeleição. Segundo o presidente, ninguém tem mais autoridade moral e ética do que ele para combater a corrupção. “Eles não sabem com quem estão lidando”, disse. Lula evitou falar diretamente sobre o mensalão, mas fez referência às denúncias relacionadas aos Correios. Veja alguns dos principais trechos do discurso feito pelo presidente para uma platéia de 900 pequenos agricultores e sindicalistas: Problema do Congresso Publicidade
“Se tem dúvida sobre a atuação do Congresso, é um problema do Congresso. O que o governo não pode é ficar correndo contra denúncia vazia. Se tem dúvida contra a atuação do Congresso, é um problema do Congresso. Eles que criem mecanismos de auto-investigação. Que criem quantas CPIs quiserem criar.” Leia também Publicidade
Oposição Publicidade“Os que torciam para que fosse um desastre o meu governo já estão com medo hoje é da reeleição. Este é o dado concreto e objetivo. (…) Como ainda não estou candidato, tenho uma função a cumprir até 30 de dezembro (de 2006). Sei que quem é oposição tem mais pressa. É sempre assim. O mandato para quem está no governo é curto, de quatro anos. Mas para quem é oposição, é uma eternidade.” Corrupção nos Correios “Depois que fomos quebrando todas as barreiras que eles foram botando, eles resolveram então mexer na questão ética. E vejam que tudo isso que estamos vivendo é por conta de um cidadão (Maurício Marinho, ex-chefe de Contratação e Administração dos Correios) que diz que pegou R$ 3 mil. Um cidadão de terceiro escalão.” Combate à corrupção “Ninguém tem mais autoridade moral e ética do que eu para fazer o que precisa ser feito neste país! Vamos fazer a luta contra a corrupção se transformar não numa bandeira, porque isso não pode ser uma bandeira apenas, tem que ser uma prática cotidiana, uma mudança de todas as instituições, uma mudança de comportamento. (…) Eles não sabem com quem estão lidando! Com corrupção a gente não brinca.” Paralisia no Congresso “Não podemos permitir que, por conta de uma CPI, o Congresso não funcione. Este país é muito grande, a democracia está muito sólida para a gente achar que uma CPI vai criar qualquer embaraço.” Fonteles isenta Lula de investigação sobre mesada Apesar de o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), dizerem que alertaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o pagamento de mesada a deputados da base, o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, decidiu não apurar a eventual omissão de Lula no caso. Fonteles abriu procedimento administrativo investigatório, na última quinta-feira, para apurar a denúncia de mensalão. Receberam ofício com pedido de explicação sobre as acusações feitas por Jefferson os ministros Antônio Palocci (Fazenda), Aldo Rebelo (Coordenação Política), Ciro Gomes (Integração Nacional) e os ex-ministros Miro Teixeira (Comunicações) e José Dirceu (Casa Civil). De acordo com o depoimento de Jefferson, eles teriam sido informados por ele mesmo sobre a compra de deputados. Segundo Fonteles, Lula ficou fora da relação “até porque foi excluído dessas denúncias pelo próprio Roberto Jefferson”. O procurador-geral da República se irritou ao ser perguntado por um repórter se não caberia uma investigação para apurar o envolvimento do presidente no suposto esquema de mesada. “Quem julga, quem investiga não é você. Sou eu”, respondeu. Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) reafirmou ontem que o governador de Goiás havia alertado Lula há mais de um ano sobre o suposto pagamento de propina em troca de apoio ao governo nas votações no Congresso. Dirceu diz não ter motivo para se defender de Jefferson Logo após transmitir o cargo para a Dilma Rousseff, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, disse que não irá se defender na Câmara das acusações feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Dirceu, que volta hoje ao Congresso, vai discursar às 15h. “Não sou réu e não há provas, nem testemunhais, nem nada”, afirmou em entrevista coletiva, ressaltando que retoma a condição de deputado para ajudar o governo e o partido. Dirceu descartou eventual confronto com Jefferson, mas não a possibilidade de voltar ao governo. “Não vai ter duelo, não vai ter ringue. Imagina se vou duelar com Roberto Jefferson! Ele deve estar me confundindo com outra pessoa. No meu discurso não haverá uma só palavra sobre ele”, disse. “Se vou voltar? Só o presidente Lula sabe”, completou. Dilma não aceita limitar atuação na Casa Civil Guerrilheira entre os anos 60 e 70, a nova chefe da Casa Civil foi saudada pelo antecessor como “camarada de armas”. Em seu primeiro discurso, Dilma deixou claro que não pretende restringir sua atuação a questões técnicas. Criticada por parlamentares do PT e da base aliada – ela é considerada pouco flexível nas negociações – Dilma disse que vai manter contato permanente com o Congresso. “A (função) é política no sentido mais nobre, o da capacidade de realizar um projeto nacional de desenvolvimento sustentado, de inclusão da população no desenvolvimento. Todos que vêem na gestão um trabalho eminentemente técnico não percebem que é da vontade dos homens que emerge uma nova sociedade”, afirmou a ministra. |
Deixe um comentário