Na saída da reunião reservada da CPI dos Correios em que ouve o doleiro paranaense Alberto Youssef, o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) afirmou que ele negou veementemente ter recomendado a corretora Bonus-Banval ao deputado José Janene (PP-PR). O doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, havia dito em depoimento à mesma CPI que Youssef indicou a corretora para Janene, que, por sua vez, recomendou-a ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de operar o esquema do mensalão.
A corretora é suspeita de ter remetido recursos de políticos para o exterior a pedido do PT. Porém, o depoimento fechado à sub-relatoria de movimentação financeira com o doleiro paranaense, preso por lavagem de dinheiro, não tem trazido revelações da Bonus-Banval. Ele negou ao relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que tenha feito qualquer operação com a corretora.
No entanto, o doleiro paranaense admitiu que conhece Janene, mas assegurou que jamais operou para o deputado. “Youssef disse que os dois são compadres”, comentou Eduardo Paes. Janene, atual líder do PP na Câmara, responde desde ontem a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética por envolvimento no mensalão.
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Youssef também disse que conhece os ex-diretores da corretora Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg. “Como operador do mercado paralelo, precisava ter informações sobre as cotações do dólar futuro”, justificou.
O doleiro paranaense negou conhecer ou ter tido qualquer atividade com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares ou com o empresário Marcos Valério.
Doleiros conhecidos
PublicidadeUm dos maiores doleiros do país, Youssef disse que suas operações eram feitas somente com doleiros no mercado, entre eles o próprio Toninho da Barcelona e Clark Seton. Este último teria comprado a banca de Dário Messer, acusado por Barcelona de ser o principal doleiro do PT.
O depoente também disse não saber se Toninho da Barcelona teria transferido dinheiro para o exterior a pedido do PT. O doleiro afirmou que jamais ouviu falar da empresa Guaranhuns, que oficialmente pertence à offshore Esfort Trading e teria sido usada por Marcos Valério para enviar dinheiro ao exterior.
Youssef declarou que a maioria de suas transações no mercado externo era feita com contas de empresas offshore. Por trabalhar apenas com outros doleiros, o doleiro paranaense disse ainda não saber quem era cliente de cada um. “Pode ser que tenha recebido ou pago dinheiro para pessoas ligadas à política e servidores públicos, mas nenhum deles operou diretamente comigo.”
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