|
As denúncias de envolvimento entre a cúpula do PT e o publicitário Marcos Valério, acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser um dos operadores do mensalão, derrubaram, neste final de semana, José Genoino da presidência do partido. No cargo desde o final de 2002, o ex-deputado federal renunciou no sábado, antes mesmo do início da reunião da Executiva Nacional do PT – instância máxima partidária –- que selaria seu destino. A Executiva escolheu para a vaga de Genoino o atual ministro da Educação, Tarso Genro. A situação de Genoino era insustentável. Um dia antes de renunciar, na sexta-feira, dois novos fatos pesaram sobre ele. A divulgação pela imprensa de que Marcos Valério deu um segundo aval a um empréstimo para o PT. E, à tarde, a prisão de Adalberto Vieira da Silva, assessor do irmão de Genoino, o deputado estadual José Nobre Guimarães (CE). Silva foi preso quando tentava embarcar com mais de R$ 400 mil em notas numa mala e na cueca, em São Paulo. Publicidade
Leia também Publicidade
“Eu não sou citado pela CPI, esse episódio não tem nada a ver comigo, nem de longe nem de perto, mas estou à disposição da CPI", afirmou Genoino. “Tenho que cuidar da minha sobrevivência”, declarou ele. Desde quinta-feira, o ex-presidente do PT autorizou a abertura de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. O nome do irmão de Genoino, entretanto, aparece em uma das agendas entregue por Fernanda Karina Sommagio, ex-secretária de Marcos Valério, à CPI dos Correios. Oposicionistas já pensam em convocar Silva, que continua preso e foi exonerado do cargo, e José Nobre, para deporem na comissão. PublicidadeVirada ética O gaúcho Tarso Genro assumiu à presidência do partido com a promessa de dar uma virada ética. “Recebemos um recado da sociedade de que algo não vai muito bem no PT. Temos um trabalho muito árduo, muito difícil. Mas o partido está preparado para essa grande virada”, declarou Tarso, que vai deixar o cargo de ministro no final do mês. Embora seja integrante do Campo Majoritário – ala do partido da qual fazem parte o próprio Genoino e o ex-ministro José Dirceu –, Genro é menos afinado com a antiga direção do PT, dominada pelos paulistas. “É preciso federalizar as decisões”, declarou. Entre outras medidas, o novo presidente do PT quer analisar e renegociar dívidas de campanha do partido, que beiram os R$ 20 milhões, e criar um livro-agenda onde constará os encontros de membros do partido que tratarem de temas financeiros. A Executiva escolheu ainda o deputado federal José Pimentel (PE) para ser o tesoureiro do partido e o ex-ministro do Trabalho Ricardo Berzoini, o novco secretário-geral. Ambos vão ocupar, respectivamente, as vagas de Delúbio Soares e de Sílvio Pereira, envolvidos no escândalo do mensalão e licenciados de seus postos desde a semana passada. O ex-tesoureiro e o ex-secretário-geral prestaram depoimento à Polícia Federal na última sexta-feira. Delúbio confirmou à PF os avais dados por Valério a empréstimos do PT, mas disse desconhecer o esquema do mensalão. Silvio afirmou que nem sequer sabia desses empréstimos, além de negar a acusação de que negocia cargos no governo Lula. Os dois, que já abriram seus sigilos bancário, telefônico e fiscal, devem depor na CPI dos Correios na próxima semana. Também serão investigados pela Comissão de Ética do próprio partido – uma das medidas anunciadas por Genro. “Ele (Delúbio) vai ter de prestar contas ao partido e à sociedade”, afirmou Ricardo Berzoini, escalado para ser o coordenador do gabinete da crise no partido. |
Deixe um comentário