Os deputados Odair Cunha (PT-MG) e Júlio Redecker (PSDB-RS) pediram dados a suas assessorias para provar que existiu (ou não existiu) esquema de compra de votos no Congresso Nacional por parte do Partido dos Trabalhadores, a fim de aprovar medidas de interesse de governo. No entanto, os resultados de ambos, apresentados nesta sexta-feira, não possibilitam a nenhuma parte atestar com certeza a veracidade de sua posição.
A pedido do deputado Odair Cunha, a assessoria do Partido dos Trabalhadores elaborou um estudo comparando as datas de votação na Câmara com saques feitos por parlamentares ou seus assessores em contas do empresário Marcos Valério de Souza, suspeito de ser o operador do mensalão. A conclusão de Odair é de que os saques não alteraram o comportamento das bancadas.
De acordo com o estudo, foram realizadas 268 votações nominais em 2003 e 2004 – período em que, segundo o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), teria ocorrido o esquema. Mas o partido selecionou apenas aquelas em que houve orientação do governo para votação, o que totalizou 238 votações. Com isso, o deputado reforçou a tese do PT de que os saques eram pagamentos de dívidas de campanha, e não compra de votos. “Tivemos um índice de fidelidade sempre acima de 80% e nós tivemos também votos da bancada do PFL e do PSDB acima de 20%”, explicou Odair.
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O deputado Júlio Redecker também reuniu dados para provar o contrário. Para Redecker, os números comprovam que a maior parte das mudanças de partido aconteceram nos períodos de maior movimentação financeira. “Os partidos que engrossaram suas fileiras foram o PL e o PTB”, disse Redecker. Além disso, o PSDB analisou os votos dos deputados que receberam dinheiro de Valério. Todos “têm um alto índice de fidelidade às matérias de interesse do governo”, avalia Redecker. “Se nós observarmos que a maior parte das liberações ocorre juntamente com as trocas partidárias começamos a perguntar: por quê? Outra questão de destaque é que foram liberados esses recursos antes e logo depois de votações importantes para parlamentares que foram buscar esses valores, inclusive, no Banco Rural em Brasília. Há muita coincidência para dizer que não houve ‘mensalão’”, afirmou o deputado, em entrevista à Agência Brasil.
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